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Patrick Süskind: O Perfume


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Hoje queria contar-vos o que senti a ler este livro que tem como subtítulo História de um assassino. O livro foi publicado pela primeira vez em 1985, mas tenho a certeza que é do tipo de livros que vai acabar por ficar. O autor, de nacionalidade alemã, antes de lançar o Perfume, dedicava-se a escrever peças de teatro e para a televisão. O perfume foi o primeiro livro que ele publicou, e que começo. Acho que no caso do Patrick podemos dizer que ele vai seguir a regra do “Não há amor como o primeiro”, pois duvido muito que publique outro livro com esta qualidade.

Os gajos lá do lado do Bush dizem que um livro é bom ou não pelo seu plot, ou seja, pela sua essência (a nível da história, ou do enredo). Este é um bom exemplo, tem uma história fantástica (há quem diga que é verídica, outros nem por isso) e prende o leitor, coisa que poucos livros com tantas descrições o fazem. É talvez devido a esse facto que este livro se tornou famoso. A história gira em torno de uma personagem, Grenouille, que nasceu e a mãezinha dele deve ter pensado que fez um cócó, pois abandonou-o logo a seguir. O jovem, sempre rodeado de horror vive a cheirar tudo o que encontra, sempre procurando novos cheiros e perfumes. Sim, o ávido leitor poderá achar que por vezes Grenouille até andará a cheirar um outro pó branco, mas, temos de ter em conta que isto foi no século XVIII. Não conto mais a história, vocês que a leiam.

Queria agora pensar um pouco na razão deste livro se ter tornado tão conhecido. Alguns críticos opinam que ele ressuscitou no final do século XX o estilo literário de outro alemão, Thomas Mann (1875-1955), muito conhecido pela sua Montanha Mágica. Na minha (reles) opinião acho que é interessante a sua tónica, embora seja uma escrita muito virada para a descrição. Mas mesmo insistindo em todos aqueles nomes de odores, essencias, óleos (o nome que mais gostei é Patchouli), Süskind consegue implementar um bom ritmo, tornando-se no final algo agradável à leitura. É inegável que o seu conhecimento sobre os cheiros é extenso e, por vezes, muito bem adaptado, fazendo o leitor imaginar os cheiros, principalmente os maus como o de esgotos, de mortos... Mas a questão que queria realçar é que ele acaba por “impingir” certos termos que ele previamente estudou, não aparecendo de forma natural no contexto. Percebem o que quero dizer? Não digo com isto que eles apareçam de maneira incorrecta, mas eu gosto de ler um livro que, de certa forma, pede certas informações. Não gosto muito quando elas caem do céu e nos são dadas de forma quase forçada. Tenho muito aquele preconceito do gajo que chega e que diz: "Olha sabias que o sexo das tartarugas se vê na concavidade da base das suas carapaças?".

Agora algumas coisas boas: a personagem Grenouille é fantástica, a forma como evolui através do livro e vai aprendendo de forma obediente e submissa os vários ofícios na vida de perfumista, acaba por ser uma boa parábola de um requinte de malvadez da história. Quem possui um dom, como do de Grenouille, o de distinguir todos os cheiros existentes à face da terra, acaba por ser descompensado noutros aspectos sociais e intelectuais. Acabando finalmente por se revelar como um assassino sem escrúpulos. Tudo pelo cheiro humano, pelo “fluido letal”.

O final é daqueles finais que muitas vezes enquanto adolescentes pensamos, “Giro era se tudo acabasse numa granda ...” Epá, não vou dizer. Se calhar alguns de vocês ainda não leram o livro e eu não posso dizer como é que acaba. É surpreendente, admito que não estava à espera. E sinceramente, não estava à espera de pior (?). Se quiserem um bom livro para ler, sem ser muito pesado (200 gramas), esta pode ser uma boa ideia. E há quem diga (pauloabx) que depois de lermos o livro ficamos a cheirar tudo, a procurar os cheiros em qualquer coisa que nos aparece à frente. Eu não sou desses... Não gosto de meter o nariz onde não sou chamado...


3 Responses to “Patrick Süskind: O Perfume”

  1. Blogger pauloabx 

    Eu apenas disse que quem leu me tinha dito isso... infelizmente ainda não li o livro para poder constatar se era verdade... até porque o olfacto é uma faculdade que sempre me faltou...

  2. Anonymous Anónimo 

    Excellent, love it! »

  3. Anonymous Anónimo 

    Muita gente gostou, mas a mim alguns pontos desagradaram bastante:

    a)Cenário histórico: Não consegui ver motivo para que a ação se passe na França pré-revolucionária. A história poderia muito bem ter se passado em qualquer momento da história ou ainda no momento "presente" do livro. Não entendi a construção de um cenário tão realista para um personagem do tipo "fabuloso".


    b)Super poder de olfato: O que mais me incomodou é que a "infabilidade" de Grenouille. O sujeito é um supercomputador do cheiro. Vamos imaginar que, ao invés de "O Perfume", o livro fosse o "O Barulho" ou "A Música" (como queiram). Imagine-se escutando todos os sons, o sangue pulsando nas veias, o pulmão se inflando de ar, os ossos estalando, o frio contraindo a madeira, o raspar das unhas na pele que coça, as conversas de todas as pessoas num bar... Este tipo de onisciência é impossível a uma mente humana. O cara precisaria abstrair... Ele é um Funes dos odores...

    Sendo assim, não sei como encarar a obra: o cenário histórico construído me pede para ler o romance como uma história realista, física; o super-personagem pede para ler o romance como uma fábula (filosófica?) ou quadrinhos. Uma coisa não combina com a outra.

    Talvez eu esteja sendo rigoroso apenas pelo fato de que um "monstro filosófico" precisaria me convencer que sua filosofia faz sentido. Grenouille não me convenceu. Tudo me pareceu gratuito; Outros chegaram mais perto disso: Joker, o pai de família do filme "O Silêncio do Lago"...

    Mas tem umas passagens legais.

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